Lacieverso #15 || Hortênsias 7.2 - Desalento

Boas vindas, convidado! Anda fazendo calor, não é? Aproveitamos o tempo bom para irmos à praia! A água é quente e convidativa, o vento gelado sobre nós, e temos várias quitutes disponíveis: queijinho assado com melaço e óregano, acarajé quente com vatapá e camarão, e bolinho de bacalhau servido com um refrigerante bem gelado! Ótimo clima para aproveitar o verão.

Como estamos nesta bela tarde? Ando trabalhando bastante nos bastidores, e batemos nossa primeira meta no Tapas, então estou trabalhando nisso também! ♥ Vamos à história, que está se aproximando da primeiríssima cena que deu origem à Hortênsias inteira!

Hortênsias

CAPÍTULO NUMERO

TITULO

INTERLÚDIO

Descemos as escadas e voltamos para a sala, onde Alex estava com dois baldes de pipoca, um doce e um salgado, sentado no sofá, comendo distraidamente.

— Estava quase indo atrás de vocês — ele comentou, mas parecia muito bem confortável na sua posição. — Entraram num portal para outra dimensão no andar de cima?

— Engraçadinho — eu disse.

— Você não vai acreditar! — Dave correu para se sentar ao lado de Alex.

Enquanto Dave recontava as aventuras do andar de cima, eu me ocupava com a fiação e consoles para nossa diversão e quando finalmente acabei, meu olhar seguiu para a janela, onde vi que uma chuva rítmica havia se iniciado. Esperava que ela não piorasse, mas era verdade que eu não me lembrava da previsão do tempo daquele dia. Peguei meu celular, e fiquei meio atordoado ao ver que a previsão era de chuva, com possibilidade de granizo até, para a noite toda.

Aquilo era um problema...

— Pessoal...

— Ah, você terminou de montar?

— Sim, mas vocês viram a previsão do tempo de hoje?

— Não acredito em previsão do tempo — Dave foi categórico.

— Como assim?

Alex suspirou.

— Dave acredita que previsão do tempo é uma conspiração do governo. Por favor, não peça mais explicações. Não temos horas suficiente no dia para as teorias malucas do Dave.

— Mas é real!!

— Sim, sim, eu sei, eu sei. — Alex suspirou de novo. — E eu não olhei, porque meu celular está mais para lá do que pra cá. Está cada vez mais difícil usá-lo.

— A previsão é de temp...

— Jesse?

Olha uma tempestade se formando, bem ali, naquela sala. O primeiro raio descia as escadas, na forma do meu irmão gêmeo, e seu amigo "quase-namorado".

Algumas coisas você não perdoava.

Eles haviam tomado banho, afinal. Provavelmente juntos, pelo tempo. Era difícil ter que lidar com tudo aquilo, mas eu havia superado. Eu achava que havia superado. Só era difícil quando eles ficavam esfregando todas as vezes na minha cara.

— O que foi?

— Vocês vão... jogar?

Dava para ver que Mitchell queria se estapear ante a hesitação de Chase.

— Não, Chase — eu bufei. — Peguei o PS5 para colocar fogo nele. Claro que vamos jogar.

— Não, o que eu queria perguntar era... — Ele olhou para o sofá, onde Dave e Alex estavam, e de volta para mim. — Eu e Mitchell podemos jogar também?

Minha vontade era de dizer não. De negar, de afastá-lo novamente. Só que... Às vezes, você quer tentar mais uma vez. Quer aceitar as oportunidades que são lhe estendidas. E naquela tarde, com a chuva prestes a cair, eu aceitei mais uma oportunidade do meu irmão me perdoar.

— Podem sim.

Era um caso engraçado. Alex no sofá, Dave espremido ao seu lado, enquanto eu relaxava nas pernas compridas do meu não-namorado sentado no chão, e Mitchell havia tomado a decisão estratégica (ou, acreditava eu, um sermão do meu irmão) para ficar por perto dele no chão, mas longe o suficiente para que fosse "decente". Alex não parecia se importar com os meus toques indevidos por sua perna. Confesso que eu estava mais preocupado em distrai-lo do jogo do que interessado no jogo em si...

Afinal, de contas, estávamos revezando os jogos. Em algum momento percebemos que as opções de jogos de grupo eram um pouco limitadas, então acabamos em um jogo de cozinhar caoticamente, mas era para apenas quatro jogadores. Mesmo revezando, sempre ficava uma pessoa de fora. E aquilo me dava a oportunidade de ficar acariciando a perna de Alex, mesmo com os olhares feios que ele me dava. Eu conseguia sentir os arrepios que causava nele, o que era imensamente divertido.

Cruzei o olhar com meu irmão, e ele pareceu entender algo naquele momento. Fiz um muxoxo, não era para ele ficar me observando, nem me vigiando. Eu não precisava de uma babá a essa altura da minha vida. Se ele podia ficar se agarrando com o namorado no quarto, eu podia muito bem trazer quem eu quisesse para casa. Só ele tinha privilégios naquela casa?

Foram algumas partidas até que outro barulho nos perturbou, e meu coração congelou. O som de chaves virando, de saltos sobre o piso. Eu não esperava que Nama viesse para casa naquele dia.

— Cheguei — ela anunciou, e analisou com os olhos de águia todos os convidados. Eu retesei as costas no minuto que pôs os pés na casa, me afastando de Alex. — Vocês têm companhia. — Ela olhou de Alex para Dave. — Que bom.

— Amigos de Jesse — Chase tratou de explicar, e se livrar da bronca. Grande irmão.

Não consegui decifrar a expressão da minha mãe, mas tudo o que ela disse foi:

— Bem, espero que vocês consigam avisar aos seus pais que vão pernoitar aqui, já foi um martírio conseguir chegar debaixo dessa chuva de granizo, imagina tentar chegar na casa de vocês. São bem-vindos se quiserem passar a noite. Vocês já comeram?

Havíamos assaltado o armário de guloseimas e nosso grupo tinha comprado algumas coisas no mercado, fora as pipocas. Então a fome não era o problema mais urgente.

— Granizo?! — Dave se levantou, e foi olhar a janela. Alex o seguiu, e os dois constataram o fato de que estavam praticamente ilhados.

Dave começou a respirar mais rasamente.

— Dave, foque em mim — Alex pediu, abraçando Dave. — Foque apenas em mim.

Só vi a cabeça lavanda afundar nos braços de Alex, e por mais que eu soubesse o que era um ataque de pânico, não pude deixar de sentir inveja da calma de Alex ao lidar com a situação, e de Dave, porque era nos braços de Alex em que eu queria estar. Era muito invejável como Alex já parecia saber a rotina, como já sabia apertar os botões e saber como lidar exatamente com Dave.

Queria que alguém me conhecesse tão profundamente daquela forma, que impedisse os meus buracos negros.

queria eu que esse alguém fosse o Alex

— Bem, eu vou me deitar. Vocês estão encarregados de cuidar de seus convidados. Não façam muito barulho. Usem o sofá da sala, se for necessário. Mitchell, mande um beijo para seus pais. — Minha mãe sorriu para ele, passando por nós para ir para o andar de cima.

Chase se aproximou de mim, falando baixo na minha direção enquanto olhava para Alex, que ainda sussurrava no ouvido de Dave:

— Jesse, está... tudo bem?

— Sim. Aparentemente isso é comum. Dave... não gosta de sentir preso.

— Ah. Entendo. — Ele deu de ombros. — Bem, Mitchell pode dormir na minha cama, e um dos seus convidados pode dormir na... sua. — Ele deu uma nova olhadela para os dois abraçados. — E o outro pode dormir no sofá.

Dave, mais calmo, se afastou.

Alex, prontamente, disse:

— Eu fico com o sofá.

O que era mesmo aquilo sobre expectativas?

Não crie Sóis com elas.

Ai, a dor... Complicado quando a gente cria expectativas demais, né? Esses dois precisam aprender a se comunicar… Estou ansiosa para ouvir seus comentários, seja aqui no beehiiv quanto no retrospring agora que o curiouscat foi de base! Alimente esta autora com biscoitos! Alternadamente, sempre estou online no Kaleidocosmik. Venham fazer parte dele!

Até semana que vem,

Lacie

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