Lacieverso #15 || Hortênsias 7.1 - Desalento

Boas vindas, convidado! Hoje é um dia especial, e para aproveitar o calor, que tal um churrasco à beira da piscina? Usem roupas de banho se sentirem-se confortáveis, e além da carne, temos refrigerantes de mil cores e sabores, além do bom arroz e farofa! Para os veganos, temos hamburguers de soja e tofu, além de berinjela, batata doce e aipim na chapa com azeite e sal! Eu sou Lacie, e deixe-me contar-lhe uma história.

Tá calor né??? O verão está chegando, enfim. Passamos pelos dias amenos de primavera para o calorzão do verão!

Não tenho muitas novidades que eu possa revelar ainda…. mas saibam, que se preferirem ler Hortênsias físico, está mais perto do que longe….

Também teve o dia do #ExplodaSeuKindle promovido pelo @divulganacional, e embora Hortênsias esteja de graça o ano todo, deixei alguns livros hots gratuitos e somamos mais de 13k de downloads ♥ Muito amor, demais!!

Bem, vamos ao capítulo!

Hortênsias

CAPÍTULO SETE

DESALENTO

O caminho para a minha "base" consistia em uma pequena caminhada que se iniciou do ponto de ônibus em frente da encruzilhada da casa de Dave, que por insistência deste, pediu para ser acompanhado até a minha residência; então o trajeto usual de ônibus e naquela calçada me pareceu muito diferente daquela caminhada da vergonha da madrugada visto que foi preenchido por muita conversa e risadas, as quais eu não estava acostumado.

A diferença era significativa, e eu não saberia dizer se eu desgostava. Os músculos da minha face doíam um pouco de rir das piadas e tiradas que somente um par como Alex e Dave poderiam fazer, tamanha a intimidade entre eles. Era óbvio que os dois se gostavam bastante. E aquilo alimentava o pequeno buraco negro em meu coração, aquela pequena voz que às vezes gritava que tudo estava errado, que eu não pertencia ali.

Ciúmes, Jesse?

Mas então Alex segurava a minha mão discretamente, e eu me encaixava em sua órbita.

Quando chegamos no ponto de saída, o céu cinzento anunciava que não tínhamos visto o final da frente fria.

— O inverno está chegando — Dave anunciou, sombriamente.

— Você nem gosta dessa série.

— Eu tenho que admitir que é uma frase marcante, e muito relevante para o nosso momento atual.

— Dave, o inverno vem uma vez a cada ano. Eu acho que você é grandinho o suficiente para saber disso já.

Dave bufou, e se abraçou. Ele estava vestindo mangas compridas, com uma mancha gráfica que já se desgastava pelo tempo. Leggings e botas completavam o look, mas talvez não tivesse sido a melhor escolha para aquele momento do ano. Alex estava lindo, é claro. Era difícil aquele homem parecer menos do que maravilhoso. Estava com um casaco de couro, jeans e botas de combate. Ele parecia bastante confortável, e eu queria beijá-lo naquele momento, mas estávamos no meio da rua das Margaridas, e aquilo significava muito perigo.

— Vamos — urgi, e seguimos andando até a casa número 24 e foi com alguma surpresa que os dois pararam atrás de mim ao ver o imóvel.

— Uau...

— O que foi?

— Jesse, você não falou que você era herdeiro... — Alex assoviou, e admirou a casa. — Isso aqui é realmente o sonho americano, a casa grande de cerca branca que cabe dois filhos e meio.

Dave riu.

— Alex, você realmente escolheu bem o seu par. Vai fazer um bom casamento.

Nós dois coramos, se fosse possível Alex ficar ainda mais vermelho. Eu apenas peguei as minhas chaves e enfiei-as nas fechaduras, apressado e querendo terminar aquele momento de embaraço.

A casa me cumprimentou com seu silêncio acolhedor. A verdade que eu me sentia mais em casa quando não havia ninguém lá, e isso era raro, porque devido aos horários da faculdade do meu irmão, era quase impossível não o ver ali com o namorado. Ou quase-namorado, que fosse. Mas aparentemente eu tirara o passe livre da prisão, e tinha a casa inteira para mim.

Que maravilha.

— Sejam bem-vindos... — falei para os meus convidados, tirando os sapatos e os colocando na sapateira, e esperando que eles fizessem o mesmo. Dave não esperou que Alex terminasse de tirar os sapatos para começar a explorar a casa.

— Uau! É tudo tão grande!

— É uma casa comum por aqui. É como se o molde fosse o mesmo e eles entregassem a mesma mercadoria.

— Mesmo assim, é incrível! Espaçosa, e... Olha essa cozinha, Alex! Conceito aberto!!

Enquanto Dave corria para explorar a cozinha, Alex riu ao meu lado e aproveitou para chamar a minha atenção.

— Peço desculpas por ele. Quando se empolga com algo...

— Eu sei, é maníaco.

— Um pouco. — Olhei para o lado. Dave já tinha sumido. Para onde ele havia ido? — Espera, eu queria fazer algo...

— O quê?

Eu me virei, e senti o toque dele em meu queixo. Sem falar mais nada, ele se curvou, aproveitando da nossa diferença de altura devido ao pequeno andar, e me beijou. No começo, não foi mais nada que um pequeno prensar de lábios, mas quando ele tentou se afastar, meus braços envolveram seu pescoço, e com minhas mãos em sua nuca, explorando seus cabelos e o puxando para mim, eu diminui a distância entre nós, quase inexistente àquele ponto. Sua língua tocou o interior da minha boca, e fiquei muito grato naquele pequeno embate, e me perdi mais uma vez em sua galáxia. Meus olhos viam apenas estrelas esverdeadas atrás de meus cílios.

Eu não era homem de deixar oportunidades passarem.

— Olá — ele disse, me olhando nos olhos, corado, comigo nos braços.

— Bem-vindo à minha casa, Alex Morris. — Eu ri.

— Estou sendo bem recebido, sim, Jesse Bennett. — Ele acariciou meu rosto.

Ouvimos um pigarro.

— Vocês vão ficar se agarrando aí, ou o Jesse vai nos apresentar ao resto da casa?

Eu preferia muito mais ficar me agarrando em cada cômodo da casa com o Alex, mas me resignei, dei um último beijo no Alex, e me afastei.

Em algum lugar de minha mente ficou registrado que aquele era meu primeiro — e segundo — beijo com Alex.

— Alex, você pode começar a preparar a pipoca doce que nós compramos? Venha, não é muito difícil, vou deixar as panelas em cima do fogão...

Fomos até a cozinha, e expliquei rapidamente como o fogão funcionava.

— Dave, já que você quer ver o resto dos quartos, você pode me ajudar a pegar os consoles no andar de cima.

— Argh, por que o trabalho braçal fica todo pra mim?

Alex riu.

— Você fala que o trabalho braçal fica com você porque nunca fez caramelo, meu caro. — Enquanto saíamos da cozinha, Dave deu língua para ele.

— Eu tenho você como meu escravo pessoal para isso!

E subimos em silêncio até o andar de cima. Mostrei primeiro o banheiro que dividia com meu irmão, o quarto de minha mãe, que era a suíte principal, meu quarto

o lugar onde supernovas nasciam

onde Dave se demorou mais, analisando seus recantos. Era a primeira vez em muito tempo que eu deixava alguém adentrar aquele recinto, então eu fiquei muito travado e tenso. Era como se pudesse ver dentro da minha alma. O que era ridículo, era apenas um quarto. Mas era tudo, e não era nada.

— Hmm... — O olhar de Dave foi para as paredes em um tom de cinza gelo e para os poucos móveis encostados contra elas, e assim para a televisão que estava desligada. A estante com poucos livros. O guarda-roupa aberto e com roupas sujas saindo por ele. O computador desligado em cima da escrivaninha, que não era ligado há dias. — Sabe, eu sempre acho que objetos contam uma história.

— É mesmo?

— É meu trabalho, como escritor, desvendar a história das pessoas. Descrevê-las, eu diria.

— E como você me descreveria, então, Dave? — eu ri, ainda nervoso.

Dave deu uma olhada pela janela.

— Eu acho que você é a loira misteriosa que aparece para apimentar a história. Aquela que faz o personagem principal se apaixonar perdidamente e cometer erros. — Dave se virou para mim. — Ah. Não estou dizendo que Alex é o personagem principal da nossa história, no entanto. É só um exemplo.

Ri de novo, dessa vez bem desconfortável.

— Mas isso não muda o fato de que ele está bem caidinho por você. Nunca o vi tão apaixonado dessa forma.

Aquilo era informação nova para mim.

— Ele disse algo para você...?

— Ah, não, mas eu sei. Não se preocupe. Eu tenho certeza de que o relacionamento de vocês tem futuro. Pode investir pesado, menine.

Ao invés de uma supernova, era como se uma pequena estrela tivesse nascido. Não uma pequena estrela. Um Sol. Algo que brilhava dentro do meu peito.

Uma esperança.

Pior.

Uma expectativa.

—E se eu não quiser nada com ele? — fiz um muxoxo, mas Dave riu abertamente.

— Bem, aí eu teria que recomendar minha psiquiatra para você. Porque você parece perdidamente apaixonado pelo meu melhor amigo, e eu duvidaria da sua sanidade se você recusasse namorar com ele.

Não respondi, até porque eu não sabia direito dos meus próprios sentimentos. Eu sabia que o que eu sentia por Alex era diferente dos meus sentimentos por Kurt, por exemplo, mas era uma bagunça extremamente complicada.

Não sabia o que pensar, portanto, adiaria pensar sobre aquilo.

— Não se preocupe. Não vou invadir sua privacidade mais. — Ele deu de ombros. — Onde estão seus consoles?

— No quarto do meu irmão.

— Ele não vai se importar se você entrar e pegar?

Por um momento pensei em pegar o celular e mandar uma mensagem e pedir por permissão, mas quem havia pagado por aqueles consoles fora eu e meu suado dinheiro de modelo vivo, e se eles estavam no quarto do meu irmão, era apenas porque ele utilizava mais do que eu.

— Ele nem está em casa.

— Tudo bem então. Avante!

Seguimos pelo corredor, e eu abri a porta em frente ao meu quarto para a visão do quarto do meu irmão iluminado à meia luz, e a visão do traseiro branco do meu irmão... e mais algumas coisas.

— Jesse! — Chase e Mitchell gritaram.

— Merda!

— Epa — Dave colocou as duas mãos na boca, enquanto eu fechava a porta com velocidade, mas não rápido o suficiente para não ter a imagem gravada na minha mente. — Acho que seu irmão estava em casa, no final das contas, né?

— Vamos embora — determinei, mas eu conseguia ainda ouvir barulho de pessoas se vestindo dentro do quarto, e ouvi a voz do meu irmão.

— Jesse! Espera, por favor!

E me senti em conflito. Eu não podia simplesmente fugir da casa de novo, porque estava com convidados, mas eu não queria encarar Chase na frente de Alex. Contudo, aquela situação era muito embaraçosa. Dave, no entanto, parecia estar achando aquilo tudo muito divertido, pelo sorriso em seu rosto. Eu queria socar algo. Ou alguém. Ou fugir.

A indecisão me fez ficar no lugar por tempo o suficiente para Chase abrir a porta de novo, com Mitchell colado logo atrás.

— Jesse... Desculpa você ter visto isso. — Se eu nunca tinha visto meu rosto corado no espelho, Chase era um ótimo reflexo agora. — Eu mandei mensagem mais cedo perguntando se você estaria em casa, você não respondeu.

— E a culpa agora é minha?

— Meio que é, sim — Dave deu de ombros.

Chase olhou para Dave pela primeira vez.

— E você é...?

— Dave Collins. Amigo de Jesse. Pronomes ele/dele. — E ele faz a barra gesticulando no ar. — Presumo que você seja o irmão gêmeo do qual ele não fala, e você o namorado do irmão gêmeo do qual ele nunca mencionou. Por favor, seja o namorado do irmão gêmeo do qual ele nunca mencionou, senão, a situação vai ser ainda mais embaraçosa.

— Chase Bennett — Chase se apresentou. — E este é Mitchell Harrison. Meu... amigo.

— Ah, qual é. — Eu revirei os olhos.

— Bem, de qualquer forma, por que você estava entrando no meu quarto, Jesse?

— Tenho convidados em casa, não é óbvio? Ia pegar o PS5 e o XBOX. Nada demais. Não ia ler o seu diário.

Chase pareceu corar mais ainda.

— Eu não tenho diário!

— Tem sim. Guarda na gaveta da escrivaninha.

Mitchell ergueu uma sobrancelha ao ouvir isso.

— Fala sobre mim?

— Não tenho diário, affe! Pegue logo os consoles, e me deixe em paz, se é o que quer!

Gesticulei para Dave, e entramos no quarto. Estava abafado e com o cheiro que eu conhecia muito bem, mas tentei ignorar e cumprir o objetivo com rapidez para poupar ainda mais esse embaraço. Quando estávamos saindo, Chase já tinha sentado na cadeira, enquanto Mitchell ainda estava de pé ao lado dele, e eu então disse algumas palavras de despedida:

— Pelo menos tomem banho. Separados. Por favor.

— Vai se foder, Jesse!

Constrangedor ser pego pelo irmão, né? O que mais que essa ida a casa de Jesse revelará? Estou ansiosa para ouvir seus comentários, seja aqui no beehiiv quando no meu curiouscat, se preferirem anonimidade. Comentários são mais do que bem vindos! Alimente esta autora com biscoitos! Alternadamente, sempre estou online no Kaleidocosmik. Venham fazer parte dele!

Até semana que vem,

Lacie

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