Lacieverso #11 || Hortênsias 5.3 - Flutue // +18

Nossa, aqui empoeirou só com uma semana de sumiço?? Bem, você, estimado convidado, chegou um pouco cedo demais, mas não se preocupe que agora que voltei, as coisas entrarão em ordem. O que deseja comer? Sanduíches, tortas, pratos elaborados? Certamente aceite este copo de limonada rosa enquanto eu e as bonecas preparamos tudo… Ah, que cabeça a minha. Eu sou Lacie, e deixe-me contar-lhe uma história.

Essa última semana foi um pouco de loucura — fui parar no hospital por uma infecção urinária, mas já estou de volta, a toda. Com a Bienal rolando, até parece que a cidade parece mais vazia, não é? Mas não se preocupe, porque estamos todos de olho.

Falando em não ir à Bienal: estamos marcando um encontro para reunir as pessoas no Kaleidocosmik! Um bate papo livre para aqueles que estão chupando dedo e ficaram em casa!

Outra novidade é o lançamento de Dragões de Vidro Não Podem Nadar, do May Mortari e Sol Coelho! É uma leitura curtinha e adorável, com gosto de interior e maresia! Eu adorei do começo ao fim, então estou recomendando aqui na news! Depois me contem o que acharam do Coxinha!

Esse capítulo de hoje será um pouco mais… picante. Rola um pouco de indecências, e bem, espero que goste das pequenas angústias do que significa um relacionamento fast burn — de fato, eles queimam rápido demais.

Dito isso, lá vem a história…

Hortênsias

CAPÍTULO CINCO

FLUTUE

Terminamos as bebidas e uma conversa animada se instalou na mesa. Nem vi quando dez minutos se tornaram meia hora, e meia hora se tornou uma hora inteira.

— Então você se tornou modelo vivo por acidente?

— Acidente é uma palavra muito forte. Eu diria que indicação seria mais correto. — Foi um dos meus casos que me indicou, acho. Não lembrava qual deles, no entanto, todos se misturavam nos lençóis de minhas memórias.

— Devo dizer que você leva jeito para coisa — Alex riu, me deixando um pouco embaraçado. Eu levei uma mão para os cabelos, ajeitando minha franja que insistia cair nos meus olhos.

Droga. Aquele homem insistia em ser bonito. E ainda por cima, deveras agradável. Fazia muito tempo que eu não apreciava uma boa conversa. Em geral, eu partia para a parte da boa foda. Ou nem isso. Eu costumava me contentar com bem pouco.

Mas Alex Morris…

Me inclinei mais contra a mesa, me derretendo contra ele. Meu pé tocou de leve contra sua perna, e ali fiquei.

— Então Dave é escritor?

— Sim. Ele está cursando escrita criativa. Está me enlouquecendo com um tal de desafio mensal, mas eu sei que ele conseguirá se sair muito bem.

— Ah, acho que sei do que está falando. Como você…

Queria perguntar, “como você o conheceu?”, inquerir mais sobre aquela amizade estranha, mas a mão de Alex tocou mais uma vez o celular, e visualizou as horas.

— A consulta de Dave deve estar acabando — ele anunciou, dando fim àquele encontro. Eu estava interessado no que faríamos a partir dali, mas fiquei calado. Normalmente era o proativo da relação, mas havia algo na situação que me fazia temeroso. Que ele desse as cartas a partir dali, porque eu ainda não descobrira qual era o seu jogo. Queria que ele desse o primeiro passo naquele gelo fino…

Para saber se podia me jogar naquele abismo.

Eu era um covarde da pior estirpe. E assim como modelar, fingir era algo que fazia muito bem. Eu cativava as pessoas, e antes que elas notassem as ranhuras da minha máscara, eu as abandonava.

Restava saber quanto duraria essa minha relação com Alex. Até agora, era o rapaz que mais tinha me enrolado até então. Normalmente depois do primeiro match, era uma questão de algumas horas de corpos entrelaçados e saídas rápidas, voltando na madrugada para casa. Com Alex, era um verdadeiro recorde.

— Uma pena que vai acabar... — murmurei baixinho, enquanto Alex se levantava. Meu olhar o seguiu, e eu vi Dave entrar de novo na cafeteria.

As coisas boas duravam pouco.

— O que disse, Jesse? — Alex se virou para mim, brevemente.

— Nada, nada… — disfarcei. Como disse, era bom naquilo. E Alex nem percebeu, estando tão concentrado em Dave.

O rapaz nos alcançou, o fôlego entrecortado por passar por tantas pessoas.

— Foi tudo bem? — Alex, de imediato, segurou em sua mão. Uma pontada de ciúmes me atingiu, mas tive que me recordar de que eles eram apenas amigos. Apenas amigos. Era isso.

Ó céus, era Mitchell tudo de novo, não era?

— Sim! Foi ótimo. Ela é ótima. — Ele começou olhando para mim. — Falei de você.

— Só coisas péssimas, como sempre.

Como o sorriso dele era bonito. Droga, eu deveria parar, mas não conseguia deixar de reparar em como o rosto dele se iluminava ao ver que Dave estava bem, como os ombros dele se relaxavam, como se todo o ser dele estava leve ante àquela notícia. Dava para notar que ele realmente se importava com o bem-estar do amigo.

Por isso a inveja me inundou. Não havia ninguém no mundo que me olhasse dessa maneira. … Não conseguia nem imaginar um mundo em ter tal atenção. Era quase impossível, um desejo jogado aos céus.

— Ela falou que eu deveria ter mais coragem para fazer coisas. E não forçar você a viver as coisas que eu deveria viver. — Ele deu de ombros.

— Ah, como me forçar a encontrar pessoas pelo Tinder, e não você mesmo sair para ir atrás do seu crush?

As orelhas de Dave se esquentaram, e ele olhou diretamente para o rapaz no balcão. Fiz o mesmo, e tentei avaliar o estrago.

Era óbvio o motivo da quedinha de Dave. O tal barista era um pouco mais alto do que Dave, com cabelos curtos e arrepiados, as mãos ágeis enquanto trabalhavam nos drinks e o sorriso eterno estampado no rosto enquanto travava com os clientes. O rapaz obviamente tinha bastante carisma, e era bem-querido pelos que passavam por ali, porque mais de uma pessoa deixou algumas moedas no pequeno pote que arrecadava a gorjeta dos atendentes. Não era muito difícil de se apaixonar. Era o apelo do clichê.

— Já falou com ele, então? — intrometi-me na história. Alex e Dave pareciam ter seu próprio mundinho, mas eu queria intervir. Me meter entre eles.

Eu não ficaria de fora.

— Ah, não, claro que não — Dave ergueu as mãos para mim, confirmando a negação. Ele parecia mais do que constrangido. — Não quero atrapalhar ele no seu horário de trabalho…

— Mas se você não vai incomodá-lo agora, vai ficar esperando que nem um stalker depois do horário do seu serviço? — ergui uma sobrancelha.

— Isso também não…

— Então vai deixar a oportunidade escapar?

Alex colocou uma mão no meu ombro e senti o calor de sua palma sobre meu corpo e mordisquei o lábio inferior. Droga, ele causava um efeito devastador apenas com um mero toque. Eu queria mais. Muito mais.

— Jesse, é melhor não forçar nada…

— Não vou forçar — disse, segurando a mão de Alex contra a minha. Por breves segundos, a tive em meus dedos, sentindo seu toque como um náufrago sente o gosto doce da água filtrada depois de dias no mar, mas me foquei. Uma coisa de cada vez. — Ele precisa de um incentivo.

— Incentivo? — a voz baixa de Dave tinha notas crescentes de pânico, mas não liguei para isso. Abandonei meus dois companheiros e fui em direção ao caixa. Para a minha sorte, este estava vazio, então o sorriso que o barista me dirigiu foi genuíno.

Ah, se ele soubesse.

— Olá, seja bem-vindo. Como posso ajudá-lo?

Comecei a analisá-lo rapidamente. Ascendência asiática, provavelmente chinesa. Ele não tinha sotaque, e na plaquinha apenas seu sobrenome em letras prateadas. Pelas olheiras, deveria estar no final do turno. Os cabelos arrepiados eram um charme a mais. Seu cansaço era visível de longe.

Um detalhe importante eram algumas medalhas que ele carregava no cordão de seu crachá. Um bottom com a bandeira gay (o que era importante, afinal das contas), e outros dois com café e gatos, o quarto de um caderno com algo escrito.

Era a minha chance.

— Oi, boa tarde... Eu queria pedir, mas primeiro... Esse pin tem a ver com você ser escritor?

Ele ergueu uma sobrancelha, parecendo um pouco intrigado. Ótimo, tinha conseguido fisgar o peixe. Agora, era conseguir pegá-lo.

— Sim. Eu participo de um grupo de escrita, e todos os anos em Novembro nos reunimos para esse desafio mensal. Sou um dos organizadores, por isso, se tiver dúvidas...

— Nossa, que coincidência! Meu amigo ali — e fiz total questão de apontar para Dave, que entrou em pânico. — Também escreve. Será que eu conseguiria falar com ele um pouco, explicar como essas coisas funcionam?

Ele pareceu surpreso, e suas bochechas coraram ao ouvir o comentário da sua colega.

— Finalmente algum dos dois deu o primeiro passo. Não aguentava mais ouvir dessa paixãozinha de cliente, Samuel. — Este soltou uma risada nervosa. — Vai lá falar com ele, eu aguento as pontas.

— Uh...

— Bem, você podia convidá-lo para o seu grupo de escrita, né? — Dei a sugestão. — Trocar telefones é de praxe nesses casos, não?

Parecendo encurralado, ele simplesmente desistiu.

— Você não quer pedir nada, no fim?

Dei de ombros, e a sua companheira apenas continuou. — Dez minutos, e nenhum segundo a mais. — Ela revirou os olhos.

— Certo.

E ele saiu de trás do balcão, me acompanhando. Ponto para mim, e pontos extras pela expressão de pânico que Dave tinha, escondendo-se como possível atrás de Alex. Este tinha uma expressão divertida no rosto, esperando os próximos acontecimentos.

— Dave, este é…

— Samuel Young — ele intercedeu. Eu ergui uma sobrancelha, mas eu o vi ir em direção à Dave, dirigindo-lhe a palavra e oferecendo-lhe uma mão para cumprimentá-lo. — Soube que é um companheiro de armas meu?

— Companheiro de armas? — Dave estava embasbacado.

— Não está nesta jornada de escrita comigo?

— Ah! — a postura toda de Dave mudou, agarrando o caderno com mais força. — Estou sim. É bem difícil, não é?

— É sim. Este é meu quarto ano tentando, mas já consegui vencer os três anteriores. Estou escrevendo um romance com vampiros trisal. Sobre o que é o seu livro?

Dave corou muito. Muito mesmo.

Ah, virgens, pensei.

— Eu… estou escrevendo sobre uma criança que é uma princesa que nasceu sem coração… e um viajante que vem de longe tentar resgatar ela…

Samuel abriu um sorriso. Eu achei que Dave morreria ali mesmo, se não estivesse escondido atrás de Alex.

— Olhe, eu não tenho muito tempo — e ele olhou para sua companheira de balcão, cuja fila já ameaçava se aglomerar de novo. — Mas eu posso lhe dar meu telefone para trocarmos informações? Eu gostaria muito de saber mais sobre essa tal princesinha, e sobre esse tal viajante. Posso lhe dar umas dicas. Sem falar que haverá um encontro de escritores aqui neste café, eu acho que você deveria participar.

— Cla… Claro!

E eles se perderam em alguns segundos anotando os números um do outro.

— Muito… muito obrigada, Samuel!

— Eu que agradeço, Dave. — E ele piscou um olho. — Preciso voltar para o trabalho. Nos falamos em breve!

E ele voltou para trás do balcão.

— Vamos indo? — Alex disse, amassando os cabelos lavanda de Dave. O sorriso dele ia de orelha a orelha, e eu senti uma inveja subindo pela garganta. Eu não lembrava a última vez que me senti assim, tão inocente ao receber o telefone do cara que eu gostava. Aliás, eu achava que nunca tinha me sentido assim. Essa emoção, essa comoção… O palpitar nervoso do coração ou as palmas suadas. Para mim, sempre foi algo mecânico, um trocar de mensagens e de fluídos corporais.

Às vezes, as coisas poderiam ser mais inocentes.

— Vocês já vão?

— Eu tenho que levar ele para casa — Alex explicou. Eu me senti um pouco desapontado, e isso me surpreendeu. Eu não queria que ele fosse embora, que terminasse aquele encontro daquela maneira. Foi muito pouco tempo… — Mas eu gostaria que você me acompanhasse até a minha casa, se não se importar.

Um sorriso sacana surgiu no meu rosto. Finalmente o convite certo.

— Eu adoraria.

— Você se importa se eu fumar aqui?

Eu ergui os olhos, enquanto me aconchegava mais na cama de Alex. A verdade era que já estava me sentindo em casa naquele lugar. Não havia muitos lugares para ficar — e eu já havia dormido ali mesmo —, então foi natural me jogar nos lençóis de Alex, me espreguiçar enquanto o dono do apartamento se mexia e organizava o pequeno caos que ele criara na minha ausência.

Aproveitei o momento para admirar o corpo dele, e com olhos preguiçosos o encarei ante ao seu pedido. Lógico que ele era um fumante. Tinha que ter algum defeito naquela perfeição que era Alex e seus cabelos ruivos e seus olhos verdes floresta e sua tatuagem no rosto em forma do símbolo do ás de espadas…

— Não — porque era a verdade. Fumar ou não fumar, não me incomodava nem um pouco. Estando no meio artístico, você acabava perdendo um pulmão ou outro. Então não liguei quando Alex foi até um canto da cômoda blocada e tirou uma carteira de cigarros mais velha do que ele próprio e tirou um cigarro, acendendo-o com um isqueiro prateado.

Droga, eu estava hipnotizado por seus movimentos.

Queria provocá-lo à ação. Eu o teria.

— Então você esteve indo atrás de rapazes no Tinder?

Alex parou, inalando mais da fumaça do cigarro. Ele tinha dedos esguios, com unhas delicadas. Ainda tinha algumas manchas de tinta, algumas pequenas cicatrizes… Eram mãos com histórias. Eu queria desvendá-las. Queria que aquelas mãos enormes me tocassem, que explorassem o meu corpo…

Que ele jogasse aquela fumaça sobre meu corpo nu, que me envolvesse por completo naquele mistério.

— Pode-se dizer que sim.

— E deu algum fruto nisso?

Alex sorriu de novo, enigmático.

— Se tivesse, estaria eu aqui falando com você?

 

***

 

Você estava ali, de volta ao meu apartamento.

Como um gato, se mexendo e se espreguiçando na minha cama. Agia com tamanha naturalidade que parecia que nos conhecíamos há anos, e não uma semana.

Sentei-me perto do duto de ar, para que a fumaça do cigarro não ativasse o alarme de incêndio. O banquinho era velho e eu o havia recolhido do lixo de outra pessoa, mas como diziam, era necessário reciclar, reusar e reutilizar. Me servia muito bem quando eu usava minha mesa de desenho, e para momentos em que eu precisava fumar dentro de casa no inverno.

Mas uma vontade agitava as minhas mãos e as deixavam inquietas. Achei que o cigarro aplacaria a necessidade, que diminuiria a urgência do vício, mas não era isso que meu corpo clamava. Não. Meus olhos iam para um lado do meu apartamento, mas sempre paravam na cama, em especial, nas áreas em que as roupas de Jesse não cobriam.

Por que ele tinha usado um cropped logo no inverno?

Eu queria…

Assoprei um pouco da fumaça, sentindo minhas orelhas esquentarem.

— Se minhas empreitadas no Tinder tivessem dado algum fruto, tenha certeza de que você não estaria na minha cama — continuei.

Você riu. Droga, ficava cada mais difícil resistir à urgência quando eu via o modo como sua camisa subia em direção ao seu torso, expondo a pele de seu abdômen definido, como os músculos de seu pescoço se tensionavam por sua risada e seu pomo de adão subia e descia em sua garganta…

Tudo era muito belo.

Eu queria eternizar aquele momento de alguma forma.

Da única maneira que eu sabia bem como eternizar momentos, na realidade.

— Você se dá muito pouco valor, Alex. Tenho certeza de que os homens do Tinder caíram aos seus pés.

— Duvido. Aposto que você tem mais sorte do que eu.

Seu sorriso era enigmático. Eu sabia que você não devia ser virgem, mas aquele sorriso indicava que você não era estranho a ir para casa de, bem, estranhos. De outro modo, como não ficaria confortável em ficar nu no meio de uma sala cheio de jovens adultos cheios de tesão e cansaço? Era óbvio que aquela profissão era perfeita para você, Jesse.

Eu só não sabia o quanto.

Suas mãos passearam por seu estômago e eu engoli em seco. Seus dedos alvos passeando por seu músculo oblíquo externo enquanto dedilhavam por sua pele, arranhando-a no processo, chegando à curva da linha alba, o contorno perfeito de um traço.

— Você quer ter sorte, Alex?

— Eu quero…

Eu comecei a frase, quando era óbvio que você sabia que meu olhar estava completamente hipnotizado por seus dedos. Fazia de propósito, para me provocar, e passou do apex de sua pélvis para o alto de suas costelas.

Droga.

Suas mãos começavam a se movimentar na cama quando eu disse:

— Eu quero desenhar você.

Seu rosto transmitiu algum choque, e por alguns segundos, você ficou parado no lugar. Mas logo se recompôs, engatinhando em minha direção, saltando da cama e indo até o banco onde eu estava sentado. Eu fiquei parado, esperando suas ações. Meu cigarro continuava em minha boca, mas eu não o tragava. O ar entre nós parecia suspenso.

Seus olhos estavam enevoados.

— Eu modelarei para você, Alex Morris — você disse, arrancando o cigarro com seus dedos esguios. — Se parar de fumar e me comer agora.

Minha boca aberta parecia estúpida agora sem o cigarro.

Claro que você propôs algo do tipo. Eu apenas hesitei — não porque não quisesse, mas... Como reagir propriamente? Eu estava atraído por você, lógico, mas o que fazer nessas horas? Iza sempre reclamou que eu não tinha atitudes, que sempre seguia o fluxo, e era extremamente lerdo, além de devagar. Eu não sabia fazer as coisas como um furacão como você. Você veio derrubando todas as portas, derrubando prédios e pontes.

Ir para a cama logo no primeiro encontro? Eu nunca tinha feito isso. Não era do meu feitio, mas...

Jesse, você não era qualquer um.

— Jesse... — meu ar faltou.

A decepção no seu olhar foi visível quando eu não o correspondi. Suas intenções eram claras: você queria algo a mais. Quanto a mim...

Eu não sabia o que queria.

— Preciso ir — você disse, começando a reunir os seus pertences. Aquilo machucou o meu coração de uma forma que eu não soube o que fazer. Eu precisava impedir. Precisava ter você comigo, ao menos por mais algum tempo. Eu sabia que, se você saísse por aquela porta, nunca mais nos encontraríamos.

E uma coisa que o Destino unira, não poderia ser desfeito daquela maneira.

Agarrei seu braço, o impedindo de continuar.

— Jesse, por favor.

Você parou, mas não disse nada, apenas encarando-me com uma expressão neutra. Eu tinha feito merda, não era?

— Eu preciso de mais algum tempo. É tudo um pouco novo demais para mim. Eu ainda… não estou acostumado com isso.

— E precisa? Talvez eu não queira um cara que demore a se acostumar.

— Talvez não. Mas eu quero você.

Você se virou para mim, o olhar azul completamente surpreso. Eu sei. Eu também estava surpreso com a minha própria admissão, com a vontade que nascia dentro de mim.

— Eu quero te tocar. Mas não sei se isso significa o que você quer que signifique.

Eu vi seus olhos correrem da porta para a cama, e a distância entre elas. Pois bem. Mas suas mãos tocaram as minhas, colocando-as em seu estômago e você pediu baixinho:

— Me toque.

(a partir daqui, o conteúdo é para maiores de dezoito anos, por conteúdo sexual consentido entre dois adultos. se deseja pular, saiba que rolou rala e rola mas não beijo — e eu te vejo lá no final da news!)

Nunca me senti tanto um adolescente virgem e desengonçado. Estava apenas de meias, calça e camisa, mas meu coração batia no peito, acelerado, como se fosse a primeira vez que iria tocar em alguém. E supostamente, iria ser apenas aquilo. Deitamos lado a lado na cama. Sua camisa foi a primeira peça de roupa a ir embora. A visão era estonteante demais, seu peito levemente corado pelo frio e pela excitação, os mamilos roseados intumescidos pelo frio, sua pele se arrepiando ao toque de meus dedos.

Então eu pedi perdão a você, mas eu resolvi me aproveitar da situação.

— Vire de costas para mim — pedi.

Você me deu um olhar estranho, mas acatou o meu pedido.

Eu tinha o seu dorso nu, Jesse, ao meu contato, e podia explorar sua pele ao meu bel prazer. Ficar em silêncio foi um contrato mútuo e não escrito que foi preenchido por nós dois, porque dizer uma palavra seria quebrar o momento, quebrar o tom do que se passava ali. Sua respiração estava acelerada, como a minha, então apenas podia sentir que ele se passava com você.

Toquei com apenas as pontas dos dedos seu trapézio, sentindo as formas, e logo estava ali, a tatuagem. Dois buquês de hortênsias, com algumas pétalas flutuando, formavam uma constelação de tirar o fôlego. Um azul, e o outro rosa. Eu havia visto aquela tatuagem antes, por foto, mas presencialmente ela era ainda mais estonteante.

Tracei a tinta encravada na pele com o indicador e o dedo médio, sentindo a leveza de sua tez. Mesmo com as cicatrizes deixadas pelo desenho, a textura dela era quase uma seda. Eu não queria me conter e tocá-lo cada vez mais, mas fui calmo. Paciente. Eu tinha todo o tempo do mundo.

Desenhei cada traço, aprendendo seus contornos, quando me cansei do desenho ilustrado, passei por sua omoplata afiada, e eu senti quando se abalou. Como se pequenos choques percorressem a sua pele, todo o seu corpo tremia.

Eu me aconcheguei mais a você, nossos calores se unindo.

— Ah… — você arfou.

Movi minhas mãos, espalmando sua pélvis, sentindo seu músculo oblíquo externo se contrair. O cós de suas calças ficava próximo a ponta de meus dedos, e com uma calma que não condizia com a velocidade com a qual o sangue era bombeado para as minhas partes baixas, eu agarrei sua ereção.

As coisas se moveram bem mais rápidas, daí por diante.

Mãos afoitas desfizeram o enlace de suas calças, e você se viu livre, pulsante e sedoso em minhas mãos. Ainda assim, eu ainda queria te provocar. Fui lento, massageando a cabeça de seu pênis, sentindo como suas veias pulsavam sob meu comando, apenas para que você arfasse sob mim, que ficasse sob minha total mercê.

Você não estava disposto a ir sem lutar, no entanto.

Suas mãos começaram a explorar o meu corpo, tocando, exigindo, clamando território, e agarraram com vontade a minha bunda. Seu torso se encaixou ao meu, e com vontade, você começou a rebolar contra a minha própria ereção, sabendo exatamente o efeito que causaria em mim.

Droga, Jesse.

Eu mordi o seu ombro, e você gemeu.

— Acalme-se — alertei.

— Mais… — você implorou.

— Darei tudo o que você quiser.

E era uma promessa que eu estava disposto a cumprir.

Bombeei sua ereção, enquanto meu polegar massageava sua glande, e ouvi seu arfar se transformar em suspiros conforme eu aumentava a velocidade. Continuei a mordiscar seu pescoço, porque isso me pareceu uma atividade deveras agradável para a minha boca sedenta, e conforme você se agarrava mais a mim, parecia que eu acertara exatamente onde você mais queria.

— Ah… Alex! — você arfou, e uma chave girou em mim, abrindo a caixa de litígio ao ouvir me chamar pelo nome.

Droga, eu queria muito fazê-lo gozar em minhas mãos.

— Jesse — eu mesmo arfei, e mordi seu pescoço, e eu sabia que a marca ficaria ali por alguns dias, mas não me arrependi. Aquilo foi o necessário para que o gozo viesse, manchando a minha mão e seu estômago, seus olhos se fechando e as mãos liberando a posse.

Uma sensação de satisfação me preencheu, mesmo que eu mesmo não tivesse atingido o clímax. Mas vê-lo ali, tão entregue, Jesse… Pareceu certo. Me deu vontade de fazer aquilo mais vezes.

Você, como sempre, foi mais prático.

— Preciso me limpar.

Eu me virei na cama, e peguei alguns lencinhos que mantinha na cômoda. Você pegou alguns e limpou a sujeira, eu segui sua liderança. Depois, ficamos ali, com sua cabeça ainda apoiada em meu braço, nossos corpos ainda unidos.

— Você quer que eu faça o mesmo? — E tocou em minha ereção, que doía apertada em minhas calças.

Neguei.

— Acho que podemos ir devagar — eu disse apressado. — Não que eu não tenha gostado. Eu gostei. E muito. Mas acho que podemos…

— Ir devagar, quase parando. — Jesse sorriu. — Se for sempre assim, não me importo.

Eu apertei o nariz dele.

— Ei!

Aproximei meu rosto do seu, com a intenção de beijá-lo, mas parou minha investida segurando com as mãos minha boca.

— Não, obrigado. Isso não.

Não entendi, e ergui as sobrancelhas.

— Eu acabei de te dar um orgasmo.

— É que, para mim, de alguma forma, beijar é mais íntimo do que o que acabamos de fazer. — Eu não queria estragar o que estava acontecendo, mas ao mesmo tempo, eu não queria perder uma oportunidade por estar indo rápido demais, então deixei para lá, embora minha expressão devesse ser de decepção, porque seu semblante mudou. — Alex Morris… — Você revirou os olhos. — Você é impossível.

E mordeu o lábio inferior.

— Você vai ficar? — perguntei, a esperança dançando em meus lábios, e dela, saltando para os seus; fazendo os se curvar lentamente, apesar da sua resposta demorar segundos a mais no ar.

— Sim. Eu fico.

Tá quente aqui, né? 🥵 Não sei como vocês estão, mas aqui na sala de estar bateu uma onda de calor… Mais do que nunca, estou ansiosa para ouvir seus comentários, seja aqui no beehiiv quando no meu curiouscat, se preferirem anonimidade. Comentários são mais do que bem vindos! Alimente esta autora com biscoitos! Alternadamente, sempre estou online no Kaleidocosmik. Venham fazer parte dele!

Até semana que vem,

Lacie

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